O caipira chegou para arrumar serviço na capital. Quando saiu lá do
cafundó já avisaram para ele:-Na capital ninguém dá atenção para
ninguém. Quando se instalou na capital saiu à procura de serviço, numa
tarde, cansado de andar ele se sentou no banco da praça perto da pensão
onde estava, perto de um homem que descansava também. Ficaram em
silêncio foi quando o homem perguntou a ele:- Tudo bem companheiro? Por
um instante ele ficou surpreso, depois respondeu:- Mais ou menos. Ele
pensou que a conversa acabaria ali, mas talvez o homem fosse do interior
igual a ele e fez uma nova pergunta:- A sua mulher continua mexendo com linguiça? Agora o caipira achou uma pergunta muito particular, como
aquela conversa de traição chegou até aquele homem. Para não dar corda
para a conversa indesejada ele apenas respondeu:- Agora ela só mexe com a
minha. Os dois outra vez ficaram em silêncio, o caipira até pensou em
puxar outro assunto, porém foi o homem da cidade grande que quis saber:-
E os netos estão bem? O caipira nem respondeu porque teve medo de que
sua filha estivesse grávida, mas ele notou que aquele homem sabia demais
de sua vida. O homem dava risadas e o caipira quieto, ele pensou em
sair de fininho, mas seria um gesto de covardia. O homem parou de rir
para perguntar novamente:- Agora me conte sem segredos que estória foi
aquela com o doutor? E continuava rindo. O caipira que já estava se
sentindo mal pelos segredos que algum fofoqueiro contou para aquele
estranho se levantou e respondeu:- O senhor é muito sem educação, bem
que disseram que vocês da capital são assim mesmo. Saiu ligeiro para a
pensão murmurando baixinho:- Nunca pensei que o doutor iria contar do
“pum” que soltei quando ele apertou minha barriga. No banco da praça o
homem que sabia de tudo da vida dos outros disse no pequeno celular, no qual falava o tempo todo:-
Este povo da cidade grande anda muito nervoso, por isso companheiro, no
dia que eu me aposentar eu vou me mudar para o interior. Para terminar a
conversa ele reforçou o pedido:- Quando você passar em casa traga mais linguiça que sua mulher vende.
Moral da estória: “Na duvida fique calado.”
Moral da estória: “Na duvida fique calado.”
Manoel Joaquim Portugal.