segunda-feira, 22 de setembro de 2014

CONVERSA ESQUISITA: RISOS E RISOS

Standard
O caipira chegou para arrumar serviço na capital. Quando saiu lá do cafundó já avisaram para ele:-Na capital ninguém dá atenção para ninguém. Quando se instalou na capital saiu à procura de serviço, numa tarde, cansado de andar ele se sentou no banco da praça perto da pensão onde estava, perto de um homem que descansava também. Ficaram em silêncio foi quando o homem perguntou a ele:- Tudo bem companheiro? Por um instante ele ficou surpreso, depois respondeu:- Mais ou menos. Ele pensou que a conversa acabaria ali, mas talvez o homem fosse do interior igual a ele e fez uma nova pergunta:- A sua mulher continua mexendo com linguiça? Agora o caipira achou uma pergunta muito particular, como aquela conversa de traição chegou até aquele homem. Para não dar corda para a conversa indesejada ele apenas respondeu:- Agora ela só mexe com a minha. Os dois outra vez ficaram em silêncio, o caipira até pensou em puxar outro assunto, porém foi o homem da cidade grande que quis saber:- E os netos estão bem? O caipira nem respondeu porque teve medo de que sua filha estivesse grávida, mas ele notou que aquele homem sabia demais de sua vida. O homem dava risadas e o caipira quieto, ele pensou em sair de fininho, mas seria um gesto de covardia. O homem parou de rir para perguntar novamente:- Agora me conte sem segredos que estória foi aquela com o doutor? E continuava rindo. O caipira que já estava se sentindo mal pelos segredos que algum fofoqueiro contou para aquele estranho se levantou e respondeu:- O senhor é muito sem educação, bem que disseram que vocês da capital são assim mesmo. Saiu ligeiro para a pensão murmurando baixinho:- Nunca pensei que o doutor iria contar do “pum” que soltei quando ele apertou minha barriga. No banco da praça o homem que sabia de tudo da vida dos outros disse no pequeno celular, no qual falava o tempo todo:- Este povo da cidade grande anda muito nervoso, por isso companheiro, no dia que eu me aposentar eu vou me mudar para o interior. Para terminar a conversa ele reforçou o pedido:- Quando você passar em casa traga mais linguiça que sua mulher vende.
Moral da estória: “Na duvida fique calado.”

Manoel Joaquim Portugal.