As horas pingam como uma torneira mal fechada, as noites são como uma enorme sala vazia onde o eco é a única companhia. Há grandes mistérios no viver que ninguém consegue descrever. Tem dias que me sinto como se estivesse em meio a uma multidão de pessoas estranhas em busca das mesmas coisas que eu, mas de uma maneira totalmente oposta da minha. Muito se fala e pouco se escuta. Os interesses movimentam grande parte dessa louca jornada que é a vida. Muitos sentem na obrigação de serem melhores, outros apenas felizes.
Me pego interagindo com coisas que ninguém percebe. Observo cada passo, cada canto, cada olhar e cada gesto. Sou observador demais para acreditar em qualquer sentimento e desconfiada demais para me apoiar em qualquer verdade. Sou estrategista, não escolho as pessoas a dedo. Não vou contar minha história inteira só porque me afoguei em alguns delírios de prazer. Guardo segredos que me atormentam e sei que somente eu sei compreendê-los. É tudo tão complicado e confuso aqui dentro que eu vou tentando não me agarrar em outras coisas ainda piores.
Congelei meus sentimentos dentro de potes lacrados e não sei explicar o que ocasionou tamanha frieza, mas é algo que estou tentando descobrir no momento. Tento lidar com esse excesso de pensamentos, tento controlar cada palavra e atitude. Não é fácil lidar com turbulências do passado e fazer com que o novo não seja da mesma forma. Meus passos são devagar e constantes, mas isso não importa quando você sabe o que quer. E se me perguntarem se eu sinto saudades eu responderei apenas que tudo o que passou me ensinou bastante, mas não trocaria esse momento de renovação por nada, pois a minha vontade é a única coisa que me torna ainda maior e mais forte do que já fui.
Adaptado de Maíra Cintra
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