Eu matei uma formiga. Não me senti forte, nem poderoso; aliás, no
exato momento, nem pensei no ato de estar matando uma insignificante
formiguinha, mas logo essa atitude irracional me levou a pensar no ser
humano, na sua capacidade de destruir o belo. As coisas são tão
perfeitas, por que nós resolvemos acabar com tudo? Quando o homem
descobriu o verbo, o fogo, a roda, não imaginava que isso, um dia, faria
dele um monstro poderoso, capaz de destruir tudo, inclusive a si
próprio. A partir daí o desenvolvimento humano, a evolução, o seu
progresso tecnológico foi todo adquirido através de guerras e
destruições. O tacape, a flecha, o canhão, o avião, os foguetes, tudo
foi inventado pelo homem com a intenção de dominar outros homens. Eu,
como resultado de tudo isto, fiquei olhando aquela formiga caminhando
sobre a escrivaninha de tampo de vidro. Ela rodeou o teclado, passou
sobre a agenda preta e veio em minha direção. Eu estiquei o dedo
indicador da mão direita, posicionei-o um pouco acima e desci com força,
esmagando-a no vidro. Só depois de praticar esse ato covarde foi que eu
percebi que viver é uma aventura para todos nós, e eu, irracionalmente,
acabei com a aventura daquela formiguinha. É claro que ninguém vai
aceitar, mas viver é uma aventura também para uma barata.
EU SOU UM ASSASSINO!
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